O senso comum define o bilíngue como o indivíduo que fala duas línguas.  Contudo, ao observamos a literatura científica sobre o tema, percebemos que o termo vem acompanhado de muitas controvérsias e diferentes dimensões desde as primeiras definições no século XX. Vejamos o que cinco linguistas renomados dizem sobre essas pessoas tão especiais.

 

Primeiras definições

Ao fazer uma revisão de literatura sobre o assunto, Antonieta Megale, grande pesquisadora do tema, aponta que quem primeiro se aventurou a dar uma definição do termo foi Bloomfield em 1935. Este autor pensou o termo numa perspectiva minimalista, ou seja, ser bilíngue é saber falar tudo nas duas línguas que conhece.

Já em 1967 Macnamara, outro estudioso do assunto, discorda do primeiro, pois, segundo ele, para ser bilíngue é necessário possuir apenas a competência linguística mínima numa das habilidades (falar, ouvir, ler e escrever) na segunda língua.

Antonieta Megale aponta que no meio desses dois extremos surge a definição de Titone em 1972 para quem o bilinguismo é a capacidade do indivíduo de falar uma segunda língua obedecendo às estruturas desta língua e não parafraseando a primeira língua. Em outras palavras, é falar a segunda língua direto sem ter que traduzir da primeira.

As questões de Mackey

Em 2000 o linguista William Mackey, da Universidade de Winnipeg, no Canadá, defendeu que, para se definir uma pessoa bilíngue deve-se considerar 4 questões: grau de proficiência, função e uso das línguas, alternânciade código e a interferência entre as línguas.

Grau de proficiência: o autor defende que, para a conceituação de bilíngue, deve-se levar em consideração o conhecimento linguístico em si sobre as línguas em questão. Contudo, ao contrário de Bloomfield, defende que não é necessário haver uma equivalência em todos os níveis linguísticos, isto é, pode-se apresentar um vasto vocabulário, contudo, não há preocupação com equivalência ter dificuldade na pronúncia.

Função e uso das línguas: Mackey acredita que se deve pensar as situações nas quais o falante faz uso das línguas para conceituar bilinguismo. Algumas pessoas precisam falar uma língua em casa, outra língua na escola, na igreja, no supermercado, e assim por diante.

Alternância de código: nesse item considera-se a frequência e as condições da alternância entre as línguas. É quando o falante precisa trocar de uma língua para a outra. Isso ocorre com frequência ou raramente? Os falantes transitam entre as línguas de forma natural e dinâmica, e às vezes fazem isso de modo intenso.

Interferência entre as línguas: Finalmente, o autor acredita que deve-se avaliar a influência de uma língua sobre a outra, o que ele chama de interferência. Isso acontece, por exemplo, quando um bilíngue está falando numa das línguas e fala uma palavra no meio da frase na outra língua.

Você sabia que não era tão simples dizer quem é bilíngue? Entendeu as diferenças? Entre em contato para te ajudarmos a conhecer mais do bilinguismo e como ele pode agregar valor à sua escola.

Instagram