Segundo Rajagopalan, renomado linguista indiano da UNICAMP, as trocas comunicativas que têm ocorrido nos últimos tempos entre falantes de diferentes origens têm revelado a relevância da língua inglesa, o que faz com que esta seja considerada por muitos a língua da comunicação mundial por excelência. Por isso, na década de 2010 intensificou-se o ensino bilíngue nas escolas brasileiras, com a finalidade de dar formação bilíngue para que o aluno consiga interagir por meio dessa língua. Contudo, antes da explosão do inglês como língua franca que passou a circular no contexto brasileiro, temos em nossa história outras línguas que foram importantes em locais e momentos específicos. Você já ouviu falar nelas? Sabia que elas não foram valorizadas?

 

Línguas indígenas e africanas

Em toda sua história, no Brasil circularam muitas línguas, contudo, promoveu-se um processo de apagamento e invisibilização sistemáticas da maioria delas. Esta política linguística ocorreu em três fases.

Inicialmente, no período colonial, mas especificamente em 1758, o marquês de Pombal decretou que todas as línguas indígenas, incluindo o tupi-guarani, fossem substituídas pelo português em todos os domínios públicos. Fora essa política oficial de governo, existia ainda nesse período, a divisão dos escravos para que membros dos mesmos grupos étnicos fossem alocados em lugares diferentes a fim de que abandonassem sua língua nativa e se comunicassem apenas em português.

 

Italiano, alemão e japonês

Num segundo momento, durante a Segunda Guerra, Vargas proclamou que o italiano, o alemão e o japonês eram as línguas inimigas da pátria, por se tratarem das línguas dos países do eixo. Desse modo, essas línguas foram proibidas em escolas e banidas de todos os ambientes sociais.

Essa medida criou muitas dificuldades de adaptação para as colônias de imigrantes desses países no sul do Brasil, sendo que muitas contavam com escolas que ensinavam suas línguas de origem.

 

Libras

A terceira política, que se estendeu desde a colonização até a década de 1980, caracteriza-se por uma política educacional. Nela, estudantes surdos foram obrigados a aprender português como forma de se comunicar. Esta política linguística proibiu o uso da linguagem de sinais na escola argumentando que, caso os alunos pudessem usá-la, essa prática prejudicaria sua habilidade de escrever em português

O resultado dessas políticas de erradicação e apagamento foi a perda das línguas indígenas, africanas e das línguas de colônias de imigrantes no Sul do país – alemão, italiano e japonês que circularam em nosso país. Felizmente, nos dias atuais existe a conscientização de que a exposição a mais de uma língua favorece tanto o desenvolvimento cognitivo como o cultural. Esse pensamento permite que hoje valorizemos as línguas estrangeiras a ponto de buscarmos maneiras de promover o aprendizado bilíngue nas escolas brasileiras.

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